segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O Segredo do Vento



 
 
Eu tive um sonho... e nele estava sentada em um banco de madeira branco pintado de cal, simbolizando o abandono do local. Estava parada com um olhar fixo ao infinito, podia enxergar o que eu mesmo nem via... só sei que via algo no fim e inalcançável. O vento balançava, levava e trazia mensagens que só o tempo podia interpretar.

Despedia-me do dia que se passava nas cinzas das horas e adormecia ao som das árvores com as cantigas dos amores perdidos. Não tinha mais força para levantar e alimentar-me, só o véu da bruma me cobria com respingos de gelo que se faziam perpassar em minha cabeça.

Sentimentos de intolerância e solidão tomavam conta daquele lugar seco, febril e rodeado de folhas secas de tom alaranjado. Avisava a estação que o inverno estava a tona e a necessidade de um abrigo seria inevitável. Não ouso falo de uma casa modesta ou de uma terna lareira, mas de um corpo humano com a temperatura necessária ao aquecimento do coração.

Em um momento de tanta indecisão e aflição somente a dúvida pairava no sopro do ar enraivecido. Seria o arrependimento para pedir perdão? pode ser que sim... mas pensado melhor, acho que não. Levantava com leveza nos braços, precisava sair daquele infortuno local, procurar a paz que o mundo está em volta afim de oferecer.

Caso tenha cometido intensos erros no passado, procure a luz que enxerga no infinito e vai atrás dela até que cessem as suas energias. As vezes é necessário passar por momentos chuvosos, friorentos, solitários, para então levantar-se e seguir o caminho que você mesmo tem a capacidade de traçar.

Escolher entre o que parece certo ou o que é fatalmente errado, o importante é seguir o que lhe faz dar sentido a vida, para ao final de tudo descobrir que nada é por acaso e que as escolhas feitas foram necessárias para estar diante de si mesmo e ter a definição de quem tu és.
Carlos Drummond de Andrade
     
 

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